quarta-feira, 5 de março de 2008

Comédia inteligente

Pense numa comédia despretensiosa, inteligente e muito divertida. Se você pensou em "Juno", meus parabéns: você assistiu a um dos filmes mais bacanas dos últimos tempos. De uns tempos para cá, sempre uma comédia inteligente tem tomado as telas de cinema de assalto e cativado público e crítica. Eles lançam o filme como quem não quer nada, alguns até fazem um marketing leve em cima dos filmes e de repente BOOM o filme se torna sucesso graças a propaganda feita pelos próprios espectadores e isso alavanca as campanhas de marketing mais fortes. Resultado? Sucesso, e muito merecido!


Imagem conseguida no Blogy* do Mans


Foi assim com a grande surpresa de 2007 "Pequena Miss Sunshine" e agora ocorre novamente com "Juno". Muita gente tem comparado o sucesso dos dois filmes e, no fundo, é uma comparação justa no que se refere à relação de custo-benefício: são filmes com orçamento baixo em relação aos mega-blokbusters hollywoodyanos, mas que renderam muitíssimo bem nas bilheterias, novamente graças ao público que se encarregou de divulgar os filmes. Outro ponto em comum é o roteiro inteligente, cativante, com atores afiadíssimos (atores mesmo e não "astros e estrelas de ego inflado") e que foge dos clichês de forma interessante.


"Juno" tinha tudo para ser um dramalhão ou uma comédia adolescente bobinha. A história é simples: uma garota de 16 anos descobre que está grávida e tem que decidir como lidar com isso. O que muitos roteiristas levariam horas para contar, em "Juno" é dito logo no começo da história, ou seja, o filme não perde tempo e já nos apresenta logo a decisão que a garota tomou e como isso afeta a vida dela e de todos a que a cercam. Não é um filme moralista, nem que se propõe a resolver todas as questões sobre "direito à vida" e "gravidez adolescente". É algo humano, sincero e muito, muito divertido.


O destaque do roteiro está nos diálogos rápidos, diretos e marcantes ditos pelos personagens de forma tão natural que é como se estivéssemos vendo uma conversa real, sem textos decorados nem frases feitas, mas nem por isso menos interessante ou vulgar. São diálogos inteligentes, nunca forçados. Diablo Cody (que ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Original) estava inspiradíssima quando resolveu contar essa história. E quando tudo nos leva a crer que teremos clichês à vista, Cody supreende, com a segurança enorme de quem sabe o que está fazendo, nos enganando sobre os rumos da história e conduzindo a trama em um sentido bem fora do comum, provando que há formas interessantes de se contar história sem apelar para o óbvio.


O elenco está impecável. Ellen Page foi merecidamente indicada ao Oscar. A atriz canadense fez de Juno MacGuff uma personagem carismática e que pode vir a se tornar um ícone do cinema adolesecente. Allison Janney (de "10 Coisas que eu Odeio em Você" e "As Horas") e J.K. Simmons (o JJ Jamerson de "Homem-Aranha") como a madrasta e o pai de Juno estão fabulosos e nos brindam com atuações excelentes e uma precisão fenomenal nos diálogos. Michael Cera também tem uma atuação inspiradíssima como o pai do bebê que assiste a tudo como um mero coadjuvante e que tem alguns dos momentos mais doces do filme ao lado de Ellen. Jennifer Garner (do seriado "Alias") e Jason Bateman( do filme "O ex-namorado da minha namorada") interpretam um casal que acompanha a gravidez de Juno e Olivia Thirlby (do filme "Vôo 93") interpreta sua melhor amiga, Leah.


Imagens conseguidas no site IMDB.com


Conclusão: tudo neste filme funciona em favor da história. "Juno" é um filme apaixonante desde os fantásticos créditos de abertura. Que Diablo Cody nos brinde com mais histórias bacanas e que os produtores Hollywood entendam que não é preciso muito para fazer um filme ser engraçado: basta um pouco de criatividade e não apelar apenas para piadas grotescas.

2 comentários:

André Mans disse...

juno já tem cadeira cativa no meu coração aka estante de dvds

adoro!

Daniel Miyagi disse...

Estou louco para ver esse filme tomara que chegue logo aqui no Japao.