Comédia inteligente
Pense numa comédia despretensiosa, inteligente e muito divertida. Se você pensou em "Juno", meus parabéns: você assistiu a um dos filmes mais bacanas dos últimos tempos. De uns tempos para cá, sempre uma comédia inteligente tem tomado as telas de cinema de assalto e cativado público e crítica. Eles lançam o filme como quem não quer nada, alguns até fazem um marketing leve em cima dos filmes e de repente BOOM o filme se torna sucesso graças a propaganda feita pelos próprios espectadores e isso alavanca as campanhas de marketing mais fortes. Resultado? Sucesso, e muito merecido!
Foi assim com a grande surpresa de 2007 "Pequena Miss Sunshine" e agora ocorre novamente com "Juno". Muita gente tem comparado o sucesso dos dois filmes e, no fundo, é uma comparação justa no que se refere à relação de custo-benefício: são filmes com orçamento baixo em relação aos mega-blokbusters hollywoodyanos, mas que renderam muitíssimo bem nas bilheterias, novamente graças ao público que se encarregou de divulgar os filmes. Outro ponto em comum é o roteiro inteligente, cativante, com atores afiadíssimos (atores mesmo e não "astros e estrelas de ego inflado") e que foge dos clichês de forma interessante.
"Juno" tinha tudo para ser um dramalhão ou uma comédia adolescente bobinha. A história é simples: uma garota de 16 anos descobre que está grávida e tem que decidir como lidar com isso. O que muitos roteiristas levariam horas para contar, em "Juno" é dito logo no começo da história, ou seja, o filme não perde tempo e já nos apresenta logo a decisão que a garota tomou e como isso afeta a vida dela e de todos a que a cercam. Não é um filme moralista, nem que se propõe a resolver todas as questões sobre "direito à vida" e "gravidez adolescente". É algo humano, sincero e muito, muito divertido.
O destaque do roteiro está nos diálogos rápidos, diretos e marcantes ditos pelos personagens de forma tão natural que é como se estivéssemos vendo uma conversa real, sem textos decorados nem frases feitas, mas nem por isso menos interessante ou vulgar. São diálogos inteligentes, nunca forçados. Diablo Cody (que ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Original) estava inspiradíssima quando resolveu contar essa história. E quando tudo nos leva a crer que teremos clichês à vista, Cody supreende, com a segurança enorme de quem sabe o que está fazendo, nos enganando sobre os rumos da história e conduzindo a trama em um sentido bem fora do comum, provando que há formas interessantes de se contar história sem apelar para o óbvio.
O elenco está impecável. Ellen Page foi merecidamente indicada ao Oscar. A atriz canadense fez de Juno MacGuff uma personagem carismática e que pode vir a se tornar um ícone do cinema adolesecente. Allison Janney (de "10 Coisas que eu Odeio em Você" e "As Horas") e J.K. Simmons (o JJ Jamerson de "Homem-Aranha") como a madrasta e o pai de Juno estão fabulosos e nos brindam com atuações excelentes e uma precisão fenomenal nos diálogos. Michael Cera também tem uma atuação inspiradíssima como o pai do bebê que assiste a tudo como um mero coadjuvante e que tem alguns dos momentos mais doces do filme ao lado de Ellen. Jennifer Garner (do seriado "Alias") e Jason Bateman( do filme "O ex-namorado da minha namorada") interpretam um casal que acompanha a gravidez de Juno e Olivia Thirlby (do filme "Vôo 93") interpreta sua melhor amiga, Leah.
Conclusão: tudo neste filme funciona em favor da história. "Juno" é um filme apaixonante desde os fantásticos créditos de abertura. Que Diablo Cody nos brinde com mais histórias bacanas e que os produtores Hollywood entendam que não é preciso muito para fazer um filme ser engraçado: basta um pouco de criatividade e não apelar apenas para piadas grotescas.
2 comentários:
juno já tem cadeira cativa no meu coração aka estante de dvds
adoro!
Estou louco para ver esse filme tomara que chegue logo aqui no Japao.
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