quarta-feira, 16 de novembro de 2011

O maior espetáculo da terra

Depois de anos sem postar, eis que mais uma vez volto ao mundo blog. Espero que desta vez, eu consiga MESMO continuar postando com frequência. É muita coisa para dizer, para fazer, e pouco tempo para por em prática... Mas vamos lá! Quem sabe agora vai?

E não poderia voltar de outra forma que não fosse em grande estilo. Ou melhor, em um estilo simples e delicado porém grandioso em sua forma. Hoje, tive o prazer de assistir ao filme "O Palhaço". Como definir essa experiência? Ainda não sei: estou profundamente ofuscado pelo brilho desta pequena pérola nacional.

Deste ponto em diante preciso avisar que vão rolar spoillers (ou, no bom português, vou falar algumas coisas que podem estragar a surpresa de quem ainda não assistiu a esse filme). Portanto, se isso é algo que te incomoda, agradeço pela visita mas deixe para ler esse texto numa outra ocasião.

O filme de Selton Melo é, para mim, uma grata e bela surpresa que veio somar a um excelente ano para o cinema nacional. Era uma história que poderia se desenrolar em dramas densos, denúncias políticas, tratado sobre condições de vida nas regiões menos desenvolvidas do país ou em diálogos intermináveis extraídos de livros de auto-ajuda. Mas o competente diretor foge desses clichês e nos entrega uma história simples, sensível e muito cativante. Impossível não simpatizar com os integrantes dessa trupe que viaja pelo interior brasileiro levando a magia do circo a cidades distantes.


Gato toma leite...

Sabemos que nem tudo é diversão para quem faz os outros se divertirem. Uma gama de detalhes e responsabilidade se faz necessária para que um espetáculo aconteça. Seja um circo mambembe seja para o Circo de Soleil. Cada um tem seu papel, suas obrigações, sua quota de trabalho nos bastidores. Cada um tem que estar ciente de sua importância para que o show não pare. Na pequena trupe do Circo Esperança, todos fazem todo o trabalho, desde a armação da estrutura, até a atuação no picadeiro, arrumação e - por que não? - cuidam uns dos outros. Como uma família. Como deve ser uma família. Neste caso, uma família formada por núcleos familiares diferentes. Atrelado a esse sentimento de união existe uma sensação de individualidade onde cada um se reconhece e sabe seu papel. E nesse sentido somos apresentados a Benjamim (Selton Melo) que é palhaço, filho do dono do circo e que ainda arca com as responsabilidades burocráticas do trabalho.

Em meio aos pequenos problemas que necessitam de uma solução, vemos que Benjamim encontra-se perdido em si mesmo. Sem saber quem é ou o que é de fato. Vê-se que a relação entre ele e o pai (magnificamente interpretado por Paulo José) é uma relação de afeto mas de pouca conversa. Há uma cumplicidade visível nos pequenos atos. Porém essa relação é perturbada em vários momentos pela namorada do pai, Lola, a grande beldade do espetáculo.

Para ilustrar bem esse mal estar de Benjamim, a história se foca em duas metáforas interessantíssimas: a da falta do documento de identidade e a vontade de ter um ventilador. Duas situações que, para Benjamim, são limítrofes em sua vida. E que, de certa forma, acabam impedindo ele de seguir adiante na solução de outros problemas. Não que ele não busque a solução, muito pelo contrário, ele busca mas não há um empenho. Ele se mostra desgastado e sem energia para resolver tudo que lhe é pedido e, principalmente, para buscar quem é o homem por trás do palhaço. Num dos diálogos mais sensíveis do filme ele pergunta "Eu faço os outros rirem, mas quem vai me fazer rir?"


... rato come queijo...

A história dessa busca por si próprio é muito bem apoiada no roteiro enxuto e conta ainda com atuações bem marcadas e diálogos precisos. Não há uma história intrincada ou uma trama cheia de reviravoltas e revelações bombásticas (ok! há uma grande revelação sim, para Benjamim, que o ajuda a coordenar o próprio rumo numa participação curta e divertida de Danton Melo, atuando com o irmão Selton). A simplicidade da história nos dá margem para entender emoções e sentimentos profundos e complexos sem precisar cair na obviedade ou sem tornar o filme arrastado. Os diálogos são precisos e fundamentais. Não sobram e dão o tom de comédia que deixa a história ainda mais leve e fácil de ser entendida. E o elenco se esforça para não carregar no tom.

As atuações são outro ponto alto. Cada personagem de apoio, seja da trupe, seja do público que os rodeia, tem o seu momento de brilho e uns não ofuscam os outros, já que o roteiro dá espaço para todos brilharem por igual. E são atuações inspiradas que não caem no exagero. Calculadas para funcionar em conjunto e nunca se sobrepondo. Num trabalho feito em equipe como deve ser o trabalho dos artistas circenses. O elenco ajuda para que, de uma forma ou de outra, ocorra uma identificação entre o público do cinema e os personagens do filme. Todos, de alguma forma, se veem na tela. Além do elenco principal, uma série de participações especiais dá ao filme um tom de diversão pura e descompromissada. Destaco aqui a participação de Moacir Franco como um delegado bem brasileiro...

A fotografia do filme é muito inspirada. Por mais que vejamos a pobreza e simplicidade das construções nas pequenas cidades não temos a sensação de desconforto ante essa situação. Vemos no filme, estradas longas e desertas em meio a plantações intermináveis, cidades com pouca infra-estrutura, longe dos grandes progressos da civilização, mas ainda assim são todas simpáticas, quase convidativas a uma cordial visita. Sabemos que há a pobreza, sabemos que há a diferença de classes. Mas discutir isso não é o objetivo do filme. Não estamos tratando de cinema-denúncia.


... E você, o que é?

Por fim a resposta para a grande busca de Benjamim é "Você é o que você sabe fazer". Uma organização de ideias mais algumas descobertas e vemos que, aos poucos, Benjamim se vê obrigado a sair da inércia e a tomar atitudes em sua vida. Não sem algum impacto imediato ou sem alguns tropeços. O crescimento em rumo a essa mudança precisa passar por algumas etapas e a história nos conduz por elas de forma singela. A mudança, no fundo, acaba envolvendo outros membros da trupe que, de uma forma ou de outra, começam a se reavaliar. Nesse momento, o trabalho em equipe se torna mais firme e os laços familiares que unem a trupe se mostram mais laços de segurança do que de aprisionamento. A vida vai seguir seu rumo e eles se vêem prontos para novas descobertas, novos desafios.

Concluindo, há tempos não via no cinema nacional uma história tão simples e cativante por essa simplicidade como vi em "O Palhaço". O filme é reflexivo, belo e divertido. Mesmo sendo pequeno e singelo, ele se torna grande diante dos nossos olhos. Como o espetáculo do Circo Esperança é para seu público. Como é qualquer "maior espetáculo da Terra" aos olhos de quem o vê com olhos de paixão. Respeitável público, palmas a essa trupe!

quarta-feira, 28 de maio de 2008

"Não me chame de Júnior!"

Depois de um período maravilhoso de férias (onde tive direito a completar 31 anos, tropeçar e me estabacar no chão, conseguir um ótimo estágio voluntário numa produtora, estar em dia com meu curso de 3D e relembrar os tempos de adolescente quando eu ainda não tinha carro) estou de volta ao mundo dos Posts. E, quis voltar em grande estilo. Foram vários filmes que vi nesse mês de férias e que serão comentados em breve (Dan, aguarde pelo comentário sobre "Homem-de-Ferro" e "Speed Racer") mas esse filme, em especial, merece ser o primeiro a ser comentado.

Em 1981, o cinema apresentou um personagem que iria revolucionar a fórmula dos filmes de ação. Seu nome: Henry Jones Jr. Mas nunca o chame assim, afinal ele prefere ser conhecido por seu apelido: Indiana Jones, ou simplesmente Indy. O filme era "Caçadores da Arca Perdida" e com ele fomos levados às aventuras do arqueólogo Dr. Jones, nos anos 30, para impedir que os Nazistas se apoderassem da "Arca da Aliança", uma relíquia onde supostamente Moisés teria guardado as tábuas com os 10 Mandamentos.

Seguiu-se a este filme "Indiana Jones e o Templo da Perdição" e "Indiana Jones e a Última Cruzada", onde o arqueólogo continua suas aventuras protegendo relíquias contra grupos inescrupulosos que querem usá-las para dominação. Enquanto que no segundo filme, Indy se depara com uma seita satânica, no terceiro filme os vilões são novamente os nazistas. Ambas histórias ainda se passavam na década de 30, o que dá um charme todo especial ao filme (mostrando uma fabulosa direção de arte e figuinos para retratar a época).


Imagem conseguida no site IMDB.com


Agora, 19 anos depois das últimas aventuras, chega ao cinema o quarto filme da 'franquia': "Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal". Não se assustem com o título e nem pensem que a Xuxa tem alguma coisa a ver com a história: o filme é pura diversão, no velho estilo de Indy mas com uma roupagem diferente. O tempo passou para o Herói e para nós, e desta forma nada mais correto que ambientar a história em plena década de 50, no auge da chamada "Caça às Bruxas" que o governo americano declarou contra os chamados "comunistas". A tensão da época é visível em muitos momentos do filme. E como não poderia deixar de ser, os vilões desta vez não são os nazistas, derrotados anos antes na Segunda Guerra Mundial, e sim os soviéticos, afinal, estamos em plena Guerra Fria.

A alguns posts atrás, comentei sobre minhas expectativas para este filme e, acreditem, não me decepcionei. O filme é muito divertido! Ação, comédia e muita aventura. A direção de arte continua fabulosa, o elenco está excelente e Indy vai fazer algumas boas descobertas tanto em nível profissional quanto em nível pessoal. O filme mantém o clima dos anteriores, mas não os supera. Na minha lista de favoritos, tanto o primeiro quanto o terceiro continuam sendo os melhores.

As mulheres sempre foram uma constante nos filmes do arqueólogo, a ponto de serem chamadas de "Indy Girls" numa comparação clara com as "Bond Girls" dos filmes do agente 007. No segundo filme temos a loiraça Willie (interpretada pela atual 'sra. Spielberg' Kate Capshaw) e no terceiro a belíssima Dra. Elsa Schneider (interpretada por Alison Doody), ambas de alguma forma, marcantes na vida do arqueólogo. Mas nenhuma tão marcante quanto a bela Marion RavenWood de "Os Caçadores da Arca Perdida" (interpretada por Karen Allen). Com seu sorriso encantador, muito carisma e uma grande disposição para se meter em encrencas, Marion novamente entra de forma inusitada na vida de Indy e mostra que não é do tipo "donzela em perigo". Em contraponto a ela, temos Cate Blanchet vivendo a vilã Irina Spalko, uma cientista russa em busca de um segredo que pode aumentar e muito o domínio soviético. Cate está brilhante, com uma postura excepecional e um sotaque pra lá de crível. Observem a frieza do olhar dela, em contraposição com sua beleza e agilidade.


Imagens conseguidas no site IMDB.com


Ainda no elenco, temos John Hurt (que recentemente interpretou o Dr. Broom no filme "Hellboy" ) como um arqueólogo amigo do Dr. JOnes, Ray Winstone (o ator por trás de Beowulf - inacreditavel!) e Shia LeBeouf (recentemente visto em "Transformers" e "Paranóia") que faz o papel de um jovem típico da década de 50 (o pente à mão é tão importante quanto o canivete!)

Enfim, "Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal" é uma reunião de velhos amigos: Steven Spielberg dirigiu e George Lucas escreveu e produziu. Além claro de Harrison Ford, reprisando novamente o papel de Indiana Jones e mostrando que ainda tem fôlego para encarar o chicote e usar o chapéu deste que se tornou o arqueólogo mais famoso da história do cinema.


Imagem conseguida no site IMDB.com

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Post Scriptum ou simplesmente, P.S.

Há um bom tempo atrás, quando ainda não existia a maravilhosa tecnologia de envio de mensagens digitais, o comum era escrever a mão cartas ou, em alguns casos, datilografá-las. Em muitas ocasiões, após assinar a missiva (uia, que chique! falei difícil) algumas pessoas lembravam que ainda precisavam dizer algo importante. E para isso acrescentavam ao final da carta mais um texto. Esse texto é chamado de 'pós-escrito' ou em latim "post scriptum", de onde originou-se a sigla P.S. Em épocas digitais, o uso do P.S. é algo enfático ou, em algumas mensagens, cômico. Tenho amigos que faziam 'concursos' para ver quem escrevia mais P.S.'s ao final dos e-mails. Independente da razão, ver um P.S. ao final de uma mensagem nos chama a atenção para algo.

O que dizer então de um texto finalizado com "P.S. Eu te amo"? Será que foi enfático? Será que foi por que a pessoa esqueceu de mencionar isso anteriormente na mensagem? Ou simplesmente a pessoa colocou esse texto ali para encerrar sua mensagem e fazer suspirar a pessoa que a recebeu? Em qualquer dos casos, ler um "P.S. Eu te amo" ao final de uma mensagem faz sorrir até mesmo as pessoas mais carrancudas, mesmo que seja um sorriso discretíssimo, quase interno.


Imagem conseguida no site IMDB.com


É com a tônica de nos fazer suspirar que o filme, "P.S. Eu te amo" chegou aos cinemas no ano passado. A hitória é fantástica, bonita e emociona e nos faz rir. O filme mistura drama, romance e comédia nas doses certas. E envolve o público, nos cativando e nos fazendo esperar ansiosamente pela leitura das próximas cartas. Cartas essas que vão conduzir a vida de Holly Kennedy (Hillary Swank, duplamente oscarizada por "Meninos não choram" e "Menina de Ouro") após o falecimento precoce de seu marido Gerry (interpretado por Gerard Butler de "300", "O Fantasma da Ópera"). Sem estragar a supresas do filme, mas Gerry já sabendo de seu estado terminal, deixou algumas cartas escritas para Holly, cartas essas que tem a finalidade de ajudá-la a superar sua morte. É como a frase da música "Love in The Afternoon" de Renato Russo: "Eu aprendi a ter tudo que sempre quis, só não aprendi a perder". Quando não temos mais alguma coisa, dificilmente sabemos lidar bem com isso. E é essa a jornada de Holly: reaprender a viver.

Entre flashbacks precisos, tentativas de superação, noites em claro chorando pelo amor perdido, situações cômicas, e a expectativa pelas cartas de Gerry, Holly vai tentando reconstruir sua vida com a ajuda de suas amigas Denise (Lisa Kudrow, a Phoebe do seriado "Friends") e Sharon (Gina Gershon de "Show Girls" e "A Outra Face"). Além delas, acompanham Holly nesse momento difícil sua mãe Patricia (interpretada pela sempre ótima Kathy Bates - de "Louca Obsessão" e "Titanic"), o garçom Daniel (Harry Connick Jr, de "Copycat" e "Independence Day") e o músico William (Jeffrey Dean Morgan do seriado "Supernatural" e que está na aguardada adaptação da história em quadrinhos "Watchmen"). O filme é dirigido e roteirizado por Richard LaGravenese (roteirista de "As pontes de Madison" com Meryl Streep, "O Espelho tem duas faces" com Barbra Streisand e Jeff Bridges e "O encantador de cavalos" com Robert Redford e Kristin Scott Thomas). A trilha sonora é deliciosa, com destaque para a música "Love you 'till the end" do grupo Pogues.

Enfim, "P.S. Eu te amo" é um filme sobre relacionamentos, sobre vida e sobre o que fazemos quando somos confrontados pela perda. Não é um filme que vai mudar o mundo, mas que com certeza vai fazer com que quem o assista fique com um sorriso bobo ao final do filme, imaginando que ainda vale a pena viver e amar. Falar mais além disso é estragar as surpresas do filme, porque, afinal, às vezes só há mais alguma coisa a ser dita: P.S. Eu te amo.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Nada além do dia de hoje

Depois de duas semanas sem postar, quero falar de um filme que é uma celebração à vida. Passei por uns maus bocados há uns dias e ainda estou um pouco abalado com a situação, mas há coisas que acontecem para nos fazer perceber o quanto é bom estarmos vivos. E eu amo estar vivo! Vamos ao filme...

Um grupo de moradores prestes a ser despejados de seus apartamentos. Um ex-morador, agora casado com a filha de um rico empresário, comanda a 'derrocada' do local e o início da construção de um projeto gigantesco que derrubará os prédios. Um bando de artistas jovens, perdidos em suas inspirações e anseios enquanto tentam arrumar dinheiro para pagar o aluguel. No ápice disso, as relações entre um grupo de pessoas ligadas pela amizade e pelo amor à arte independente e à boemia. Alerta para a epidemia de AIDS que estava alcançando seu auge. Junte todos esses ingredientes e você tem um dos filmes mais bacanas de 2005.


Imagem conseguida no site IMDB.com


"RENT - Os boêmios" é baseado num musical de teatro e mostra luta pelo amor, pela vida sem preconceitos, por ideais de juventude, pelo prazer de se estar vivo, para sobreviver, para pagar o aluguel e as contas. Misturando comédia e drama em doses iguais, "RENT" tem o mérito de fazer uma apologia ao lema "viva intensamente" mas sem fazer discursos demagogos ou cheios de idéias pré-concebidas, mostrando um lado consciente das consequências dessa fome de viver: falta de dinheiro para realizar sonhos, frio, fome, fácil exposição a vícios que podem sair do controle e o risco de contrair doenças, como a AIDS. E mesmo mostrando isso, "RENT" não cai no discurso moralista, nem "politicamente correto". O roteiro não condena seus personagens por terem vivido ou por serem que são. Mas também não diz que as atitudes deles são as certas. O filme mostra pessoas, não heróis, nem modelos a serem seguidos. A mensagem do filme é clara e simples: viva com amor. Ame a vida! A música de abertura é incisiva nesse aspecto: "como se mede um ano? Em amanheceres, em pores-do-sol, em meia-noites, em copos de café, em polegadas, em milhas, em risadas, em 525 600 minutos... Que tal medir em AMOR? Estações de Amor". E mesmo sendo um filme que também fala sobre sexualidade não há nudez, nem cenas de sexo, e ainda assim entendemos que os personagens têm desejos, sofrem, amam, e precisam ser amados. Amor sem barreiras de sexualidade, sem preconceitos, sem medo de ser mostrado.

A história começa na véspera de Natal de 1989 e acompanha um ano na vida de Mark, Roger, Mimi, Collins, Angel, Maureen e Joanne. Amigos que dividem os anseios da vida adulta, que se viram como podem para sobreviver em um mundo que os condena. Amigos que querem amar e viver intensamente, mas esbarram em relacionamentos complicados, ciúmes, drogas, AIDS e a constante ameaça de serem despejados, e, ainda assim, em suas vidas há espaço para tudo e todos, inclusive para celebrar "la vie bohéme" cantada e alto e bom som numa das cenas mais contagiantes do musical.


Imagem conseguida no site IMDB.com


"RENT" é uma experiência fabulosa. A direção inspirada de Chris Columbus (fã assumido do musical) funciona perfeitamente bem com um elenco que tem uma química contagiante. Detalhe: o elenco conta com quase toda a 'trupe' do espetáculo original. Anthony Rapp que interpreta Mark vai guiando toda a história. Depois que sua namorada Maureen (Idina Menzel) o deixou para viver um romance com Joanne (Tracie Thoms), Mark fica em busca de uma inspiração mas sempre pronto a ajudar a ex no que for necessário. Mark divide apartamento com Roger (Adam Pascal) um ex-cantor de rock que luta para compor uma canção de sucesso enquanto lida com o fato de ser soropositivo e com o amor pela vizinha Mimi (Rosario Dawson). Essa por sua vez, é dançarina em uma boate e parte com tudo em busca do amor de Roger, pelo qual está muito apaixonada. Nesse intervalo, ao voltar para casa depois de passar um tempo vivendo em outro estado, Tom Collins (Jesse L. Martin) conhece Angel (Wilson Jermaine Heredia) que o socorre após um assalto e com isso eles acabam se apaixonando. Tom é amigo de Mark e Roger, e num passado não muito distante, dividiam apartamento com Benjamim (Taye Diggs) que após se casar com a filha de um rico empresário, assumiu a missão de retirar todos os moradores da área, para derrubar os prédios e montar um complexo artístico, deixando todos os atuais moradores entregues à própria sorte. Entre protestos, amores, falta de dinheiro, esses personagens vivem suas vidas da melhor forma que conseguem, lutando para ser felizes.


"There's only now, there's only here
Give into love, or live in fear.
No other path, no other way. No day but today!
There's only us, there's only this,
Forget regret, Or life is your to miss,
No other road, No other way, No day but today!"


"Só existe o 'agora', só existe o 'aqui'
Se entregue ao amor ou viva com medo.
Não há outro caminho, não há outra maneira, não há outro dia a não ser o de hoje!
Só há o 'nós', só há o 'isto'
Esqueça o arrependimento ou sua vida será desperdiçada,
Não há outra estrada, não há outra maneira, não há outro dia a não ser o de hoje!"


Imagem conseguida no site IMDB.com

quinta-feira, 20 de março de 2008

Não se esqueça de mim

Imagem conseguida no site IMDB.com


Tem um dito popular que afirma que as pessoas entram e saem das nossas vidas e sempre deixam suas marcas, maiores ou menores. Lembro de quantas pessoas foram colegas meus de escola, mas com os quais nunca conversei, ou nunca tive a chance de ser amigo (ou não busquei essa chance) e acabaram simplesmente passando. Hoje imagino quanta coisa poderia ter aprendido ou quantas pessoas legais deixei de ter no meu ról de amizades por causa disso.

Numa época onde tudo são descobertas, onde temos pressa de crescer e participar do mundo, acabamos não enxergando as pessoas que estão ao redor, e nos fechamos em "grupinhos" por afinidades ou então nos isolamos de tudo. E quando somos obrigados a confrontar as diferenças nos vemos amendrontados de desconbrir (ou revelar) nossos pequenos defeitos e angúsitas. É com esse espírito de descobertas, que o filme "Clube dos Cinco" chegou ao cinema em 1985 e conquistou o público jovem, mostrando sem pieguices a adolcescência através do ponto de vista de um grupo de jovens totalmente diferentes entre si (ou será que eram mais parecidos do que imaginavam?).

A história é bem simples: cinco jovens são obrigados a cumprir detenção na escola, durante um sábado inteiro. Confinados numa sala, e sob a surpevisão do diretor, os 5 são obrigados a escrever uma redação sobre suas atitudes. Cada um dos 5 tem uma razão para estar ali. E cada um dos 5, sem saber, vai fazer a diferença na vida dos outros que ali estão. O que em principío poderia cair num estereótipo gigantesco, acaba se tornando uma análise muito forte da personalidade dos 5 já que o filme todo é baseado na relação que se desenvolve entre eles no período em que estão detidos na escola. São 5 jovens cada um com uma mentalidade diferente, uma história de vida diferente e que são obrigados a confrontar suas realidades e expor-se perante os outros. E essa exposição ocorre de forma tão espontânea (com diálogos fabulosos!) que somos carregados nessa análise e acabamos nos identificando com um, dois e - em alguns casos - com os 5 personagens centrais: uma patricinha, um rebelde, um nerd, um atleta e uma garota-estranha.

O elenco - formado por Emílio Estevez (o atleta), Molly Ringwald (a patricinha), Anthony Michael Hall (o nerd), Judd Nelson (o rebelde) e Ally Sheedy (a estranha) - dá um show ao protagonizar diálogos tão sinceros, que em alguns momentos, acreditamos que eles não estão interpretando. Mérito do diretor e roteirista John Hughes. Os conflitos iniciais que esse confinamento impõe aos jovens acabam caindo por terra à medida em que eles vão baixando sua guarda e revendo seu modo de agir e as razões pelas quais cada um foi detido. É engraçado e é comovente. A música tema do filme "Don't you forget about me", da banda Simple Minds, até hoje é um considerada um hit dos anos 80.



Imagem conseguida no site IMDB.com

sexta-feira, 14 de março de 2008

Medo de Dormir

Imagem conseguida na Wikipedia

Se você viveu a década de 80 e gosta pelo menos um pouquinho de filmes já ouviu falar com certeza em Freddy Krueger. O famoso assassino dos sonhos fez seu debut na tela grande no filme que se tornou sucesso imediato "A Hora do Pesadelo".

O filme, lançado em 1984, mostrava uma cidadezinha americana chamada Springwood onde um grupo de adolescentes era assombrado por pesadelos com um homem disfigurado usando uma luva com lâminas. O único detalhe é que os adolescentes quando feridos em seus pesadelos acordavam feridos também, tornando o horror de dormir muito mais real. Com isso, se forma uma onda de adolescentes lutando para não dormir.

O título original do filme "Nightmare on Elm Street" (Pesadelo na Rua Elm) já nos dava a idéia de que havia uma ligação entre os adolescentes. Mais especificamente, entre os pais destes: no passado, os pais revoltados de Springwood mataram Freddy Krueger, um assassino de crianças que foi inocentado pela justiça (através da artimanha de advogados corruptos). Com a absolvição de Krueger, os pais queimaram o assassino vivo e o mesmo jurou vingança. A vingança vem com o assassinato dos filhos deles e no único lugar onde os pais não podem protegê-los: em seus sonhos, ou melhor, pesadelos.


Imagem conseguida no site Rubbermugs


Logo criou-se uma franquia, onde o obejtivo era explorar o máximo possível o visual 'gore' das mortes causadas por Kruegger e a idéia bacana do primeiro filme meio que se perdeu em um tom de comédia que permeou a série. E valia tudo para atrair o público ao cinema, até mesmo fazer um filme cujos últimos 20 minutos foram feitos para ser assistidos com óculos "3D". Dos 8 filmes, os mais bacanas são o primeiro, o terceiro, o quarto e o sétimo (respectivamente "A hora do Pesadelo", "A hora do Pesadelo 3 - Guerreiros dos Sonhos", "A hora do Pesadelo 4 - Mestre dos sonhos" e "Novo Pesadelo"). Além dos filmes o personagem ganhou uma série de TV, histórias em quadrinhos e até jogos de video-game, tamanho era o "carisma" do mesmo. O ator Robert Englund (o homem por trás da maquiagem) se tornou uma celebridade, e Kruger é até hoje seu papel mais marcante.

No decorrer dos filmes acabamos descobrindo muitas coisas a respeito de Freddy: o mesmo era filho de Amanda Krueger, uma noviça que foi trancada acidentalmente em um manicômio onde passou dias em poder dos loucos e foi estuprada dezenas de vezes. Quando foi encontrada, a moça estava grávida e muito perturbada mentalmente. O garoto foi levado para um lar adotivo onde sofria abusos por parte do dono da casa (interpretado pelo roqueiro Alice Cooper) e era vítima da "crueldade infantil" de seus 'coleguinhas' de escola (os futuros pais justiceiros que o queimaram até a morte). Quando adulto, Freddy, casado e com uma filha, trabalhava na usina de força da cidade e tinha o hábito de levar criancinhas para "brincar" ali, onde ele as matava com requintes de sadismo (reflexo de toda a crueldade que sofreu na infância nas mãos dos pais daquelas crianças). Toda essa história é contada nos filmes, e parte que se refere ao julgamento e vingança dos pais é mostrada no primeiro episódio da série de TV (salvo engano, o nome em português do episódio é "Nunca mais um bom rapaz").

Além das criativas cenas de morte, algumas muito engraçadas como a menina que se transforma numa barata antes de ser morta, Uma das coisas marcantes nas histórias era a presença de criancinhas vestidas de branco, pulando corda e cantando a musiquinha que resumia bem o espírito do filme:


"One, Two, Freddy's coming for you
Three, Four, better lock your door
Five, six, grab your crucifix.
Seven, Eight, gonna stay up late.
Nine, Ten, never sleep again"

"Um, Dois, Freddy vem te pegar
Três, Quatro, é melhor trancar a porta
Cinco, seis, agarre seu crucifixo
Sete, oito, fique acordado até tarde
Nove, Dez, nunca mais durma de novo"



Há rumores de que vão fazer um "remake" do primeiro filme. Tomara que não o estraguem!

quarta-feira, 12 de março de 2008

Círculo da Vida

Dia 12 de março! E quanta coisa acontecendo hoje: Isadora, minha afilhadinha está completando 4 aninhos de idade, e uma amiga muito querida está prestes a ter seu primeiro filho. Um parto antecipado pela "pressa" do bêbe em nascer. Em homenagem a elas, o post de hoje vai ser sobre crianças e bêbes, criaturinhas que nos impressionam a cada dia e que, por mais que tenham suas fases "chatas", são um presente de Deus aos pais e padrinhos. :D

Então, ao invés de falar sobre um filme especificamente, vou fazer aqui uma lista de filmes que me marcaram de alguma forma e que falem sobre crianças (de todas as idades) e sua relação com os adultos (de todas as idades também!).


Imagem conseguida no site IMDB.com

1) "Olha quem está falando" - uma comédia que surpreendeu muitas pessoas por mostrar o ponto de vista de um bebê recém-nascido, suas impressões sobre os adultos que o cercam, sua forma (muito bem-humorada) de lidar com o mundo que o cerca. Filme com Kirstie Alley, John Travolta, Olympia Dukakis e Bruce Willis, dublando o bêbe Mikey.


Imagem conseguida no site IMDB.com

2) "Mentes que Brilham" - a história de Fred Tate, um garotinho que se vê dividido entre ser uma criança normal ou um pequeno gênio. O filme mostra o "duelo" entre a mãe interpretada por Jodi Foster - que acredita que o filho precise ter uma infância normal, com brinquedos e festinhas, e todas as oportunidades que ele necessite - e a professora interpretada por Diane Wiest que acha um desperdício não aproveitar todo o potencial de Tate e prefere que o menino seja estimulado em toda sua capacidade intelectual.


Imagem conseguida no site IMDB.com

3) "A Malandrinha" - Curly Sue é uma garotinha que vive de pequenos golpes com Bill Dancer (James Belushi) e que vê seu mundinho sacudido ao aplicarem um golpe em uma milionária Grey Ellison (Kelly Linch) que conquista o coraçãozinho da pequena. Enquanto Bill acha que será melhor deixar a garotinha para que Grey tome conta, Curly Sue tem outros planos e acaba usando todo seu encanto infantil para acertar a vida desses adultos.


Imagem conseguida no site IMDB.com

4) "Peter Pan" - é uma história fabulosa sobre o medo das crianças de se tornarem adultas e perder a magia da infância. Após descobrir que terá que ser educada como uma mocinha de sua época, e com isso deixar de lado as brincadeiras, Wendy Darling encontra Peter Pan, o menino que nunca envelhece e, junto com seus irmãos Michael e John, viaja voando para a Terra do Nunca, local cheio de aventuras. Foram várias as adaptações dessa história. A mais recente contava com Jeremy Sumpter como Peter Pan, Rachel Hurd-Wood como Wendy Darling e Jason Isaacs (o Lucius Malfoy da série de filmes "Harry Potter") no papel duplo de Sr. Darling e do famigerado Capitão Gancho.


Imagem conseguida no site IMDB.com

5) "Parenthood - O tiro que não saiu pela culatra" - um filme para pais e futuros pais. A história da família Buckman e a relação entre eles e seus conjuges e filhos. O título "Parenthood" se refere exatamente à fase da paternidade/maternidade e a sensação de ter sempre que estar no controle de tudo quando a coisa que mais se quer é voltar a ter alguém tomando conta de nós. O filme mostra pais que acham que os filhos tem que ser campeões em tudo, pais que não conseguem dialogar com os filhos, pais descobrindo que os filhos cresceram, pais que tentam ser o melhor para os filhos, e pais que também são filhos. Ao contrário do subtitulo em português "o tiro que não saiu pela culatra" e por mais que seja uma comédia, o filme tem momentos emocionantes e que nos fazem refletir sobre nossa relação com nossos pais e, com os filhos - no caso dos que já são papais e mamães.

Encerro esse post com um PARABÉNS para Wendy e Tiago que estão inciando hoje a aventura de criar um filho! :) E com um PARABÉNS para minha querida afilhadinha Isadora!